quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Os desafios da EJA


Mais uma vez venho refletir sobre os ensinamentos proferidos pela interdisciplina de EJA. As discussões ocorridas na aula presencial e nas propostas de trabalho, fizeram com que eu, cada vez mais, me encantasse pelo desafio de escolarizar jovens e os adultos. Minhas reflexões postadas neste ambiente no início do semestre, parecem simplistas de mais, frente ao que penso agora sobre esta temática. Por várias vezes, insisti na necessidade de respeitar os conhecimentos trazidos pelos alunos como se esta estratégia fosse exclusivamente a chave para o sucesso do trabalho pedagógico com jovens e adultos em sala de aula.
Muito mais do que respeitar os conhecimentos e dar significado a eles dentro da sala de aula, é preciso ampliar este conhecimento, dando oportunidades para que os alunos discutam, compreendem e interpretem o mesmo, aproximando-o criticamente deste contexto. Assim, o processo de alfabetização acontece naturalmente, em meio a debates sobre a realidade de cada um e a realidade da comunidade em que vivem, apontando problemas, dificuldades, possíveis causas e soluções.
Desta forma os alunos dão sentido ao que aprendem, e são “reencantados” a acreditarem na possibilidade de mudar o mundo que receberam.
Muitas vezes este processo demora anos para apresentar avanços, já que o público jovem e adulto possui uma característica muito particular de construir conhecimento, uma vez que cresceram, se constituíram como cidadãos sem precisar dos conhecimentos escolares para sobreviver. Daí a importância do professor estar atento as peculiaridades de seu grupo, auxiliando, dando autonomia para que busquem por suas respostas, para que seus saberes, suas visões de mundo dialoguem com outros saberes e possam ser ampliados.
Termino com algumas palavras de Paulo Freire ouvidas no filme assistido na aula presencial e carinhosamente anotadas por mim: “Precisamos ter o gosto da briga, o gosto da luta pela superação de nossos obstáculos”.
A educação de jovens e adultos é ainda um desafio, mas um desafio provocador para aqueles que acreditam e lutam por uma sociedade mais justa, mais humana, mais igualitária.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

"Pedagogia da escuta"

A partir dos vários estudos proferidos pela interdisciplina de EJA, vejo que o trabalho com jovens e adultos necessita de um planejamento distinto do direcionado às crianças. Percebo que o maior desafio desta tarefa é tornar o ensino aprendizagem uma atividade envolvente aos alunos, e este é, indiscutivelmente, um desafio que enfrentamos com todos os alunos, de todas as idades, mas especialmente em EJA, esta atividade é ainda mais decisiva. E, definir por uma proposta interessante a estes alunos não é tarefa fácil, e para isso é fundamental OUVIR o que eles têm a dizer, é a chamada “pedagogia da escuta” que requer humildade, acolhimento, atenção e disponibilidade.
Paulo Freire (Educação,1994), relata que “o educador precisa partir do seu conhecimento de vida e do conhecimento de vida do educando, caso contrário, o educador falha”.
Nunca trabalhei com jovens e adultos, mas no conjunto de saberes que tenho como verdade no processo de aprendizagem, encontra-se a necessidade de partir da realidade de vida do aluno, dos conhecimentos que já possui, de suas dúvidas e indagações sobre o mundo para que o ensino se torne atrativo e significativo para ele.
Os jovens e os adultos trazem consigo uma bagagem de conhecimentos e experiências que a vida lhes ensinou, eles são, como disse a professora Anézia Viero na aula presencial, experimentados pela vida, e cabe ao professor aproveitar este manancial de conhecimentos trazidos pelos alunos para que este se “encontre” na sala de aula.
É preciso analisar também que muitos destes alunos têm uma imagem negativa da escola, seja pelas reprovações que tiveram, seja pela falta de estímulo encontrada anteriormente e relutaram muito para retornar a ela. Estes alunos precisam resgatar o sentimento se sentir-se capaz novamente, e a escola pode colaborar nesta tarefa, oferecendo a ele oportunidades de mostrar suas habilidades e conhecimentos construidos ao longo dos anos, no trabalho, na comunidade, na família.
Precisamos repensar a nossa pratica pedagógica como um processo de conscientização como um todo. Se conseguirmos enquanto educadores, fazer com que nosso aluno se perceba como sujeito da sua própria aprendizagem, muitos problemas educativos atuais estarão solucionados, especialmente em EJA, o problema da evasão.
Infelizmente a grande maioria dos alunos em EJA direcionam seus estudos basicamente para conseguir um emprego melhor, para tirar a carteira de habilitação, para não depender mais dos outros para escrever ou ler um bilhete. Isto nos leva a levantar a bandeira por uma educação inovadora, que mude esta concepção onde o estudo, a educação tem fim quando acaba o ano letivo, quando o sucesso vem numa “nota” boa na prova. A educação vai muito além do que se é discutido em sala de aula, mas pode começar nela. A sala de aula pode significar a independência de muitos alunos, não somente pela alfabetização, mas pela ampliação de seus conhecimentos sobre o seu mundo, sobre a sua realidade.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

PEDAGOGIA DE PROJETOS

Diversas interdisciplinas deste semestre estão nos oferecendo subsídios sobre as especificidades da pedagogia de projetos nos interando sobre aspectos positivos e desafiadores desta metodologia de aprendizagem.
Percebo que o maior desafio do trabalho por projetos é a definição do tema articulador do trabalho, uma vez que é em torno dele que as atividades serão propostas e realizadas.
Sendo um tema de interesse da turma, as aprendizagens tornam-se significativas, os alunos fazem conexões com seus conhecimentos e os estudos realizados.
Nesta metodologia a organização dos conteúdos a serem abordados, não se dá de forma rígida, pois há um respeito a estrutura lógica e seqüencial dos alunos. Os estudos vão sendo realizados seguindo o ritmo, curiosidade e necessidades de cada um.
Organizar e registrar as informações obtidas é outra etapa significativa do trabalho por projetos. É importante que os alunos passem da experiência concreta para as mais distintas formas narrativas, linguagem visual, escrita, desenhos, pinturas, maquetes, etc. Assim, o material produzido vai se tornando uma memória pedagógica do trabalho e uma fonte de consulta para novos estudos da turma. Deste modo o aluno poderá experimentar, observar, estabelecer relações, analisar, levantar hipóteses, argumentar, julgar, sendo, portanto, capaz de produzir e não de, simplesmente, repetir.
Outros estudos podem ser propostos simultaneamente com cada projeto, as organizações de cada proposta não podem ser escolhas lineares da professora e sim relacionais, exaltando, mais uma vez a importância da reflexão na tomada de decisão do professorado.
Portanto, torna-se importante não apenas o que cada professor fez juntamente com seus alunos, e sim o processo de tomada de decisões realizado quando escolheu alguns materiais e não outros, quando esperou um resultado frente a outro possível, quando propôs alguns objetivos entre uma multiplicidade.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

PA x PE

Não sei por qual razão resolvi neste momento refletir sobre PAs, só sei que considero importante esclarecer algumas considerações particulares que construí ao longo deste curso com relação a esta nova metodologia de aprendizagem.
Lembro-me que quando cursava Magistério, a 12 anos atrás, o grande aliado do ensino aprendizagem era o Projeto de Ensino. Na época, esta era a concepção inovadora e ao mesmo tempo necessária para que o aprendizado ocorresse em sala de aula de forma significativa para o educando.
Falava-se muito em partir da realidade do aluno e respeitar seus conhecimentos prévios na construção de um projeto, mas jamais se questionava se o que estávamos propondo era do interesse dos mesmos. E, ignorando as curiosidades e os anseios dos alunos, construíamos o NOSSO projeto e conduzíamos nossas aulas segundo nossas vontades, propondo atividades que considerávamos muito interessante para os alunos. Resumidamente, era como se sugerir um tema e trabalhar a partir dele as mais diversas áreas do conhecimento fosse, indiscutivelmente, ser interessante a todos da turma.
Atualmente a visão é outra. Enquanto que o Projeto de Ensino sugere estar “ensinando” algo a alguém, o Projeto de Aprendizagem indica estar havendo aprendizado sem que necessariamente alguém esteja ensinando algo. Nesta perspectiva, o grande responsável pela construção do projeto, passa a ser o aluno ou um grupo de alunos movidos pelos mesmos interesses.
Assim, compreendo o PA, como uma oportunidade de o aluno estar buscando pelo que deseja, pelo que tem curiosidade com a “permissão” da escola, isto é, o educando vê a escola, vê o espaço de sala de aula, como sua aliada no alcance de seus desejos. Nesta busca, muitas vezes particular por uma resposta, o aluno constrói e experimenta do sentimento que tanto desejamos ver construído nele, o “sentimento de ser capaz” de agir com responsabilidade e participação.

PORTFÓLIO DE APRENDIZAGENS - UFRGS


Olá, sejam muito bem-vindos ao meu portfólio de aprendizagens...
Este ambiente foi criado com objetivo de registrar as aprendizagens obtidas nas diversas interdisciplinas ao longo deste curso, bem como poder desenvolver o hábito de refletir sobre nossa caminhada e poder transmitir de forma organizada e coerente cada descoberta, agilizando assim o processo de resgate destes registros.



Graduanda: Gislaine Cardoso Aguiar
email: gislainecardosoa@gmail.com

"Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, oferecendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda."
PAULO FREIRE