sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Reflexões a partir do texto: “Modelos de letramento e as práticas de alfabetização na escola” (KLEIMAN, 2006).

Ângela B. Kleiman (2006), afirma que a escola, sendo a mais importante agencia de letramento, não se preocupa com o letramento social e sim com um tipo de letramento, o escolar, porque a ela foi concebido historicamente este papel, o de direcionar seu trabalho unicamente para o processo de aquisição de códigos (alfabético, numérico) o que foi por muito tempo, suficiente para diferenciar o alfabetizado do analfabeto. Cabe ressaltar que são sobre estas competências, que até hoje se avalia o sucesso ou o fracasso do aluno na escola, associando a aquisição da escrita ao desenvolvimento cognitivo.
Os estudos da autora revelam que o modelo que determina as práticas escolares é o modelo autônomo de letramento, que considera a aquisição da escrita como um processo neutro que, deve promover atividades necessárias para desenvolver no aluno, a capacidade de interpretar e escrever e, neste sentido adverte: “os correlatos cognitivos da aquisição da escrita na escola devem ser entendidos em relação às estruturas culturais e de poder que o contexto de aquisição da escrita na escola representa.” (2006, p. 39)
Podemos observar que existem inúmeras práticas sociais onde vários agentes mediadores transmitem saberes e características próprias de uma cultura. A TV, a igreja, o local de trabalho, a família dentre outros, são agentes com muita influencia no aprendizado e letramento dos indivíduos. Assim, não somente o professor, nem só a escola, embora estes sejam agentes privilegiados pela sistemática planejada e intencionalidade assumida, são praticas de aprendizagem e letramento.
Para Street, o que cada sociedade considera como práticas particulares de letramento e quais os conceitos de leitura e escrita utilizados nessas práticas dependem do contexto (1984, p.01). Nesse sentido, pesquisas sobre letramento na escola devem considerar as especificidades dos usos da leitura e da escrita nesse contexto, influenciados pelas marcas da cultura escolar. A sala de aula, espaço de circulação e de construção de práticas de letramento, deve ser compreendida no sentido atribuído por Collins & Green (1992): um espaço “culturalmente constituído”, através dos padrões e práticas construídas pelos sujeitos participantes do processo interacional para que assim seja possível alfabetizar letrando.

4 comentários:

By Benites disse...

Gislaine!

Diante a este registro no blog, que reflexões pessoais podes fazer...
Que exemplos podes citar diante a tua experiëncia como professora...
Benites

Gislaine disse...

Como professora, minhas reflexões a respeito da possibilidade de alfabetizar letrando norteiam o que diversos autores já pontuaram e pontuam sobre esta questão. O ensino da leitura e da escrita não pode se dar em meio a repetição mecânica das famílias silábicas nem a memorização de uma palavra alienada
Existe a “necessidade” de que a bagagem trazida pelo aluno, fruto de seu contexto familiar e cultural, seja considerada em sala de aula.
Trata-se da tarefa de dialogar, de ouvir e “dar significado” as especificidades de um grupo que não é superior nem inferior aos demais é simplesmente diferente.
Ao ressaltar a fundamental presença do dialogo na tarefa da alfabetização crítica, preconizo a produção de significado ao que é falado, dialogado em sala de aula, para que cada um esteja presente como parte do processo pedagógico com suas singularidades e especificidades. Somente assim será possível alfabetizar letrando.

POÉTICA disse...

Gostei do seu trabalho e vou tomá-lo como contribuição significativa para o meu trabalho sobre letramento que estou desenvolvendo.

CLAIR LEAL disse...

Gostei muito do seu blog, vou indica-lo no meu, se vc concordar. Se vc quiser, posso te repassar uns textos que tenho sobre Bakhtin, que é de onde a ângela Kleiman norteia boa parte de suas teorias.

continue assim, um abraço,

Clair Leal.

PORTFÓLIO DE APRENDIZAGENS - UFRGS


Olá, sejam muito bem-vindos ao meu portfólio de aprendizagens...
Este ambiente foi criado com objetivo de registrar as aprendizagens obtidas nas diversas interdisciplinas ao longo deste curso, bem como poder desenvolver o hábito de refletir sobre nossa caminhada e poder transmitir de forma organizada e coerente cada descoberta, agilizando assim o processo de resgate destes registros.



Graduanda: Gislaine Cardoso Aguiar
email: gislainecardosoa@gmail.com

"Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, oferecendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda."
PAULO FREIRE