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sexta-feira, 8 de maio de 2009

História e cultura dos afro-descentes no Brasil

O enfoque III da interdisciplina Questões Étnico-Raciais na educação: Sociologia e História, trouxe a proposta de realizarmos uma entrevista dialogada com alunos negros de nossa escola, onde a pergunta desencadeadora seria “Como você se sente como aluno(a) negro(a) nesta escola?”. Esta atividade possibilitou-me, como educadora, relacionar as dimensões afro-culturais apresentadas pelos alunos ao seu rendimento escolar. Realizei a entrevista com os 2 únicos alunos negros de minha escola, 2 irmãos e com características totalmente singulares um do outro.
O menino (14 na 6ª série), absolutamente reservado, não deixa transparecer seus sentimentos e emoções, raramente ouve-se sua voz na sala de aula, não obtém um bom rendimento escolar e parece indiferente ao que ocorre a sua volta, levando-me a crer que tenha sofrido algum ato discriminatório em sua trajetória de vida que fez com que diminuísse sua auto-estima e confiança inibindo seu desenvolvimento cognitivo.
Marilene Leal Paré em seu texto “Auto-imagem e Auto-estima na Criança Negra: um olhar sobre o seu Desempenho Escolar”, reforça esta idéia na medida em que compreende a descriminação ao aluno negro como fator principal para a repetência escolar, onde a mágoa, a tristeza, a baixa auto-estima dão origem a uma série de comportamentos negativos ao aluno como a vergonha de ser negro e o desgosto pela sua identidade afro, refletindo em seu baixo rendimento escolar.
Este fato pode ser compreendido ao analisarmos a postura contrária da menina entrevistada (9 anos na 4ª série) frente a sua negritude, ao mostrar-se absolutamente consciente de seu valor e de suas potencialidades enquanto negra, manifestando-se com destaque e exuberância, com sua alto-estima elevada, conseguiu alcançar sucessos sucessivos na sua aprendizagem escolar.
Hoje, mais do que nunca estamos envolvidos neste debate, onde renasce a reflexão sobre o papel da escola como espaço de recuperação e afirmação de identidades. Estas reflexões nos levam a levantar a bandeira por uma educação que respeite as especificidades de cada aluno, especialmente aqueles que trazem consigo um histórico de rejeição e discriminação, como é o caso do negro e do indígena. Da mesma forma, é preciso também que refletimos sobre o sistema educacional público e seu trabalho com relação a questões étnico-raciais, uma vez que crianças negras e pobres dependem desse sistema para continuar sua escolarização e, consequentemente sua profissionalização.
Ao final desta atividade, concluo que mais do que respeitar e “cobrar” respeito as características e dimensões do aluno negro, é preciso contextualizar a cultura afro na sala de aula no sentido de “cultivar” as infinitas expressões destes expressas no seu modo de vida , nas motivações, nas crenças, nos valores, nas práticas, nos rituais, na identidade, como condição para que este aluno não se sinta inferior aos outros e para que seja de fato respeitado e considerado na escola e na sociedade não apenas porque existem leis que punem atos de racismo, mas porque este tipo de comportamento é infundado e sem propósito.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Mosaico Étnico-racial...

O desafio de elaborar um mosaico numa turma da escola me cobrou um longo tempo de analise. Em primeiro lugar não conseguia ver nesta atividade uma forma clara de se trabalhar a diversidade existente no entorno das crianças, em segundo lugar, foi com relação a própria elaboração da atividade, não encontrava uma maneira de construir este mosaico de forma criativa e que viesse a despertar nos alunos o aprendizado que buscava.
Após dias de análise descobri uma forma de fazer desta atividade um despertar da turma para a descoberta de novos povos, novas culturas, novas etnias bem como para que as diferenças encontradas sejam aprofundadas e respeitadas.
A atividade foi aplicada numa turma de 4ª série, com 10 alunos, dentre estes 6 meninas e 4 meninos. No dia anterior a atividade, fotografei a turma e no dia seguinte levei-as já centralizadas focalizando o rosto de cada um.
A turma foi dividida em dois grupos, sendo que um deles construiria o mosaico recortando as fotos da turma em triângulos e o outro faria o mesmo mosaico com imagens recortadas de revistas. Minha intenção era poder trabalhar a diversidade de nossa sala de aula e posteriormente abranger esta reflexão para a diversidade existente em nossa sociedade.
Entre questionamentos e respostas, este trabalho resultou na compreensão de que não fizemos mais parte de uma determinada raça e sim de uma etnia, de uma cultura que recebeu influencias de tantas outras que não pode mais ser considerada pura, somos resultado de uma composição étnico-racial. Cada um de nós é diferente em muitos aspectos, na cor do cabelo, nos olhos, no conhecimento que construímos, no entanto somos semelhantes em muitas coisas, por exemplo, nos elementos de uma cultura que é ou foi comum para muitos.
As diferenças existem e é preciso aprofundar nossos conhecimentos a cerca delas para podermos compreender suas razões de ser.
A novela “Caminho das Índias” foi um exemplo claro descrito pelos alunos de inicial repulsa e de posterior admiração. Quando a novela começou a ser exibida, muitos relataram que não gostaram dela, pois as imagens apresentadas eram muito diferentes da nossa forma de viver: as roupas, as crenças, os costumes, a religiosidade, o transito; porém na medida em que foram assistindo e conhecendo melhor a cultura indiana, passaram a gostar e a respeitar as diferenças encontradas.
Não existe uma cultura que seja inferior ou superior a outra, existem culturas diferentes, que precisam ser conhecidas para poderem ser compreendidas e respeitadas.
Em nossa sala de aula, ainda que existam diferentes culturas, nunca presenciei uma cena de discriminação ou racismo. Percebo apenas que os meninos não gostam de se agrupar com as meninas e vice-versa, mas desde que iniciei minha caminhada no magistério, percebo que esta falta de afinidade pelo sexo oposto acontece com freqüência nas escolas.
Ao final desta atividade, me coloco no lugar de quem muito mais que ensinou, aprendeu. Jamais imaginei que os alunos fossem me dar tantas oportunidades de questionamentos e que fossemos ir tão longe nas questões culturais existentes em nosso entorno. Não estou subestimando meus alunos, muito pelo contrário, estou muito orgulhosa da capacidade que demonstraram de ir muito além do que eu própria esperava que fossem.
Não tenho duvidas de que esta foi apenas a atividade inicial para contextualizar este tema, e que a partir desta aula, as curiosidades demonstradas pelos alunos servirá de suporte para novas pesquisas e descobertas sobre os diversos povos, as diversas culturas, as diversas composições etnico-raciais existentes em nossa sociedade.

segunda-feira, 30 de março de 2009

EM BUSCA DE UMA ANCESTRALIDADE

Quanta emoção a primeira atividade proferida pela interdisciplina: Questões Étnico Raciais na Educação, Sociologia e História me proporcionou!
Visualizar fotografias de alguns membros de minha família (alguns deles já falecidos) buscando nelas alguma semelhança em minha pessoa foi como me ver um pouquinho em cada um deles.
Compreendi que em cada um de nós existem traços visíveis ou não de nossos ancestrais, pessoas que merecem todo o respeito por terem acrescentado com suas experiências na rede familiar, enriquecendo e construindo nossa identidade.
No momento não posso afirmar que faço parte de uma determinada raça, pois raça remete a pureza, a fidelidade na perpetuação de características, e a mistura de características existente em meu ser, me torna parte de uma etnia que é mais flexível no que diz respeito a mistura de elementos da cultura. De fato somos como fios que formam uma teia extremamente resistente, todos os fios são diferentes seja na textura, na espessura ou na cor, porém todos são necessários para o perfeito acabamento da peça, pois seus traços típicos, suas individualidades formam o que ela tem de mais interessante, a exclusividade.


PORTFÓLIO DE APRENDIZAGENS - UFRGS


Olá, sejam muito bem-vindos ao meu portfólio de aprendizagens...
Este ambiente foi criado com objetivo de registrar as aprendizagens obtidas nas diversas interdisciplinas ao longo deste curso, bem como poder desenvolver o hábito de refletir sobre nossa caminhada e poder transmitir de forma organizada e coerente cada descoberta, agilizando assim o processo de resgate destes registros.



Graduanda: Gislaine Cardoso Aguiar
email: gislainecardosoa@gmail.com

"Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, oferecendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda."
PAULO FREIRE